Mudei...
Fiz tudo do avesso para ver se sou agraciada com alguns brindes.
Fiz tudo do avesso para ver se sou agraciada com alguns brindes.
O certo é que serei
alguma coisa contrária ao normal, pois ser assim me parece viver a vida com
liberdade.
Tomei a decisão de fazer tudo descontraído.
Tomei a decisão de fazer tudo descontraído.
Viver certinho é vago, ríspido e sonolento.
Mudei...
Personalizei meus desejos.
Tomei minha vontade em drinques generosos.
Segui minha
imaginação.
Virei desenhista nas
estrelas.
Escritora de poemas na areia ou cantora
de amor nas montanhas.
Plantei jardim no asfalto.
Acordei o dia e embalei a noite.
Liguei para o infinito convidei para jantar e
pedi que trouxesse também o “para sempre”.
Bordei nas galáxias.
Bordei nas galáxias.
Escalei mares.
Telefonei para a tristeza e disse
para ela me esquecer.
Eu mudei e isso não é brincadeira.
Dormi para sonhar os sonhos
interrompidos.
Vendi alegria em praça pública.
Troquei as nuvens escuras do céu.
Dispensei a saudade.
Fiz amizade com a esperança.
Contratei o bom humor.
Agora me aventuro mais por aí.
Agora moro numa casa mais ampla, com lugar para todos.
Agora moro numa casa mais ampla, com lugar para todos.
A porta está sempre aberta para os
visitantes, inclusive para os ventos da primavera que chegam trazendo perfume.
Mudei...
Agora usufruo da legítima alegria da
liberdade.
Tenho desejos azuis...
Sonhos esverdeados...
Imaginação alaranjada...
Confiança avermelhada...
Mudei de casa...
De vida...
Mudei, porque do outro jeito não fazia mais inverno e nem verão.
Mudei, porque do outro jeito não fazia mais inverno e nem verão.
Mudei por causa do prazo de validade dos
sentimentos.
Mudei porque estava enjoada do mesmo toque da
guitarra.
Da fria cama noturna.
Da secura obrigatória dos dias sem
sol.
Da mesma música...
Mesma rua...
Mesma lista de intermináveis desejos sem
solução.
Mudei e fiz até bolinho de chuva em dias de
sol.
Troquei o romântico pelo rock.
Retirei o salto alto e coloquei os pés nas
nuvens.
Sepultei a tristeza.
Sepultei a tristeza.
Mudei o parágrafo, resolvi as
reticências, escondi as dúvidas dentro dos parênteses.
Rebobinei a vida e dei um nó cego no
amor para ele nunca mais sair sem pedir licença.
(Ita Portugal)
(Ita Portugal)
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